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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Educação dos Adolescentes


“acima de tudo é a educação do adolescente que é importante, porque a adolescência é o período em que a criança entra no estado da idade viril e se torna um membro da sociedade. Se a puberdade é do lado físico uma transição do estado infantil para o adulto, há também, do ponto de vista psicológico, uma transição entre a criança que tem de viver em uma família para o adulto que tem de viver em sociedade”. (Montessori, Maria – Os Filhos da Terra, tradução em revisão).

A base de toda a educação Montessori é um conjunto formado por liberdade e independência. Nas crianças muito pequenas, a liberdade se constrói por meio da interação entre a criança e o ambiente, especialmente com os materiais desenvolvidos por observação cuidadosa da natureza humana.

Conforme a criança cresce, suas necessidades mudam, e embora os materiais continuem sendo recursos didáticos interessantes, a formação do homem exige cada vez mais uma educação que vai muito além da sala de aula, e na qual a família tem – salvo raras exceções – um papel mais importante que o da escola.

Montessori propõe três grandes pilares para a educação adolescente
  1. O desenvolvimento do potencial comunicativo;
  2. Educação Moral, Matemática e Linguística;
  3. Educação como preparação para a vida.
As maneiras de desenvolver estes três pilares podem variar muito, e muita liberdade existe aqui, tanto para os pais quanto para os filhos. O desenvolvimento do potencial comunicativo passa, antes de tudo, pela habilidade de socializar com o jovem, e depois, pelo incentivo à comunicação dele com o mundo.

O aprendizado de todas as formas de arte, plásticas, textuais e musicais, deve ser incentivado. O incentivo não pode acontecer por meio da pressão. Mas pode surgir dos hábitos domésticos.

Musicalmente, pode-se escutar música não somente como fundo para um bate papo, mas como atividade exclusiva, por exemplo durante uma viagem de carro.

As artes plásticas podem ser incentivadas com visitas ocasionais a museus – mas o passeio não pode ser vazio de significado, o adolescente deve entender o que vê.

A arte textual é incentivada da maneira óbvia: a leitura. Ocorre, no entanto, que os pais acreditam que basta incentivar a leitura dos filhos ou ler para e com eles. Não é suficiente. A leitura deve, antes de tudo, ser um hábito dos pais. Uma casa sem livros raramente cria uma criança e um adolescente leitores.

A Educação Moral é desenvolvida em conversas. Mas essas conversas não devem ser só sobre as atitudes do filho, porque na adolescência lhe interessa muito a vida no mundo. A política, as organizações sociais, causas e consequências das atitudes tomadas por aqueles que detém o poder são assuntos relevantes para a mente adolescente.

O adolescente busca ser socialmente ativo, e é uma boa ideia permitir e incentivar a participação dele em projetos não governamentais (ONGs, cooperativas, associações). Durante algum tempo, é previsível e saudável que ele queira se engajar politicamente em mudanças sociais. Entretanto, segundo Montessori, nenhum tipo de violência é válido. Assim, tudo o que envolva violência verbal, moral ou física não é recomendada por nós.

As educações Matemática e Linguística podem ser deixadas a cargo da escola. No caso de o adolescente demonstrar uma curiosidade que a escola não consiga satisfazer, procure proporcionar os recursos necessários para o aprendizado. Segundo Montessori, nesta idade o estudo é uma resposta às necessidades da inteligência, por isso, nunca deve ser compreendido como algo obrigatório, mas sim como algo que o corpo e a mente do adolescente pedem. Só é necessário saber o que ele quer estudar, e auxiliá-lo nesta busca se necessário.

A educação como preparação para a vida envolve:

1.       O estudo da terra e das coisas vivas;
2.       O estudo do progresso científico e a construção das civilizações;
3.       O estudo da história da humanidade.

Montessori dizia que uma das buscas do homem é o aperfeiçoamento da natureza, ou como ela coloca: a construção de uma super-natureza. Esta construção se daria por duas vias: o progresso científico e os esforços de paz. As sociedades e a natureza seriam mais perfeitas quanto mais se aproximassem da paz e da compreensão científica da realidade.

Os estudos científicos e históricos, assim como os sociológicos, não precisam ser especialidades dos pais, mas é necessário que os pais estudem sempre, algo que seja de seu gosto, para mostrar aos filhos o prazer do conhecimento. Da mesma maneira, é importante saber identificar as áreas palas quais o adolescente mais se interessa, e dar todo o suporte necessário para o conhecimento florescer.

Hoje, com a internet, é muito fácil ter acesso a todo tipo de informação. Para isso, é necessário que o adolescente conheça línguas além do português. O estudo das línguas estrangeiras é ao mesmo tempo aquisição cultural e de ferramentas, e servirá a diversos propósitos durante toda a vida.

Dois pontos adicionais devem ser abordados aqui. Primeiro, a independência adquirida pelos muito pequenos é a física. Em seguida, dá-se alguns passos em direção à independência intelectual. Para o adolescente, a forma de independência necessária é a financeira. Assim, aprender a lidar com o dinheiro é extremamente relevante, e adquirir um ofício técnico é muito bom para a mente e o corpo do jovem.

Saber executar trabalhos manuais, assim como ter alguma prática com o cultivo da terra e responsabilidades em casa são pontos importantes do desenvolvimento adolescente, desde que todas as suas tarefas lhe sejam atribuidas mais com fins didáticos do que práticos. A habilidade de utilizar a mão para trabalhar é relevante porque o jovem deve perceber que todos os tipos de trabalho são desafiadores e todos devem ser igualmente respeitados. Além disso, conhecendo diversos tipos de ocupação antes de prosseguir à Universidade, poderá escolher seu curso com muito mais certeza e tranquilidade.

Em segundo lugar, nesta idade, o convívio com a natureza é muito importante. Se desejamos criar uma civilização melhor, uma super-natureza, devemos conhecer a perfeição da natureza em toda sua magnitude. Passeios para o campo ou para a praia, trilhas, acampamentos, navegações, todas as alternativas são válidas, desde que o adolescente faça coisas. Ele pode simplesmente observar a natureza, mas é menos válido que vá simplesmente para divertir-se, sem nenhuma ocupação mental. Quando insistimos na ocupação mental, deve-se ao fato já mencionado de que o estudo responde às necessidades da inteligência adolescente.


Para compreender melhor o conteúdo deste artigo, você pode ler sobre “valorização” da alma adolescente, em textos escritos por estudiosos do método Montessori. A pequena pesquisa que o autor deste blog desenvolve é sobre a educação de adolescentes, portanto, ficamos à disposição para tirar quaisquer tipos de dúvidas. Sabemos que as ideias expostas aqui são muito gerais e estamos prontos a auxiliar você em suas questões mais específicas.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que é o Método Montessori

Fiéis à nossa promessa de publicar pelo menos um texto por quinzena, damos para você, abaixo, o texto do segundo capítulo do livro "Introdução ao Método Montessori". Esperamos críticas e sugestões, para que o livro seja lançado ainda este ano!

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O que é o Método Montessori


Método Montessori é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos criado ou idealizado inicialmente por Maria Montessori. Além de um conjunto de técnicas voltadas especialmente para a educação escolar, o método Montessori tem uma maneira de enxegrar a criança.

De acordo com Maria Montessori, o ponto mais importante do método é, não tanto seu material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização dele de se libertar a verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada, compreendida, e para que a educação se desenvolva com base na evolução da criança, e não o contrário.

Montessori escreveu que o desenvolvimento se dá em “períodos sensíveis”, de forma que em cada época da vida predominam certas características e sensibilidades específicas. Sem deixar de considerar o que há de individual em cada criança, Montessori pode traçar perfis gerais de comportamento e de possibilidades de aprendizado para cada faixa etária, com base em anos de observação.

A compreensão mais completa do desenvolvimento permite a utilização dos recursos mais adequados a cada fase e, claro, a cada criança em seu momento, já que as fases não são estanques e nem têm datas exatas para começar e terminar.
Estudando o método Montessori, identificam-se três pilares:

       Auto-educação
       Conhecimento como ciência
       Educação Cósmica

A auto-educação surge pela liberdade dada à criança para executar as atividades que lhe despertem maior interesse. Desta maneira, o professor pode observar quais os focos do interesse do aluno e, a partir deles, organizar as atividades que serão apresentadas. Este princípio leva ao respeito pelo ritmo daquele que aprendee leva à construção de um ambiente preparado especial para cada fase de três ou seis anos.

O conhecimento como ciência leva ao aperfeiçoamento do ensino e da aprendi-zagem. O professor deve ser absolutamente objetivo no que ensina, assim a criança compreende com muito mais tranquilidade. Este pilar leva à análise do desenvolvimento de cada criança e à percepção objetiva das dificuldades e facilidades do aluno. Este ponto do método conduz a construção do conhecimento da criança de forma que ele sempre tenha como fundamentos o que se conhece com certeza, para que, tendo uma base sólida de realidade, o aluno possa desenvolver sua criatividade e imaginação.

A Educação Cósmica é uma maneira de educar de forma que o estudante perceba, em um determinado momento, as interconexões e interdependências de tudo o que há no cosmos. A Educação Cósmica é, também, uma forma de ordenar o conhecimento e o currículo escolar. Cosmos, em oposição a caos, significa ordem, e sabemos que quanto mais ordenado for o conhecimento que devemos receber, mais facilmente o compreenderemos de verdade. Esta forma de educar permite despertar diversos interesses na criança e permite descobrir em cada um qual o objeto de reflexão que lhe fascina, assim, como sempre acontece em Montessori, o método é moldado para o aluno, e não o aluno pelo método.

O método Montessori tem sido utilizado com sucesso em milhares de escolas por todo o mundo, assim como em hospitais, casas de repouso e lares. Entre suas utilizações alternativas mais interessantes está uma opção de tratamento de Alzheimer colocada em prática nos Estados Unidos:

"We try to plan all our activities using familiar, real-life materials" [...] "One of the most validating developments of the Montessori approach is that residents in the early stages of Alzheimer's can help those in the later stages of the disease." [...] "This program has received enthusiastic endorsement, not only from administration and staff, but also from residents' families(http://findarticles.com/p/articles/mi_m38 30/is_6_52/ai_103194330/?tag=content;col1)

"Tentamos planejar todas as nossas atividades utilizando materiais familiares, da vida real" [...] "Um dos desenvolvimentos que melhor validam a abordagem Montessori é que os residentes em estágios menos avançados de Alzheimer podem ajudar aqueles em estágios mais avançados" [...] "Este programa tem recebido a aprovação não só da administração e do staff, mas também das famílias dos residentes".


Algumas das maiores personalidades do mundo moderno foram educacadas em Montessori. Entre eles, estão os fundadores da Google, e Andrew McAfee, colunista da Harvard Business Review.

Sergey Brin (co-fundador do Google):
 "Cheguei no país com seis anos e imediatamente fui para uma escola Montessori. [...] Eu realmente acho que me beneficiei da educação Montessori, que de algumas maneiras dá aos alunos muito mais liberdade para fazer as coisas do seu jeito, e para descobrir.
Interessante que meu parceiro Larry Page também tenha ido a um jardim de infância e pré-escola Montessori; é algo que temos em comum.
Eu acho mesmo que algum crédito da vontade de ir atrás de seus interesses... você pode ligar isso àquela educação Montessori".

 
Andrew McAfee (Colunista da Harvard Business Review e pesquisador do MIT):
"Estou muito contente de saber que o método Montessori está começando a ser utilizado em escolas públicas [nos Estados Unidos]. E estou ansioso por mais pesquisas sobre as vantagens e desvantagens desta abordagem educacional. Até que me convençam do contrário, continuarei a acreditar em Montessori e a recomendá-lo para os pais".